A arte de pescar à pluma...


Dedico este espaço à modalidade de pesca à pluma, revelando as minhas aventuras, peripécias e toda a minha experiência pessoal...

Catch and release!

segunda-feira, 15 de março de 2010

Metamorfose dos insectos...


Relativamente às técnicas de pesca, existem três: com mosca seca (imita insectos que pousam ou caem na superfície da água); com ninfa (imita larvas, pupas e outros insectos que ainda não eclodiram) ou com streamer (imita pequenos peixes ou insectos que caem na água).

Devido ao exposto rapidamente chegamos à conclusão que teremos que naturalmente possuir umas caixas bem recheadas de moscas nas suas mais diversificadas fases. Porquanto, a grande maioria dos insectos aquáticos colocam os ovos no fundo do rio, completando o seu ciclo de vida com a sua morte. Daí que há quem diga que a vida é efémera, pois nasce-se num dia e morre-se noutro. Ora os insectos sofrem diversas transformações, desde o ovo até serem adultos. Designamos essas transformações por metamorfoses. Existem insectos que têm uma metamorfose completa e designam-se larvas quando imaturos. Mais tarde, passam por uma fase de pupa, antes de se tornarem adultos ou imagos. Estes insectos, no seu estado larval, são muito diferentes de quando chegam a adultos. Os tricópteros são o exemplo de uma metamorfose completa. Os insectos que têm uma metamorfose incompleta, são chamados de ninfas quando imaturos, não passam pela fase de pupa e são quase sempre parecidos com aquilo que vão ser, quando chegarem a imagos. Praticamente só lhes faltam as asas enquanto juvenis. É o caso das nossas famosas efémeras. A enxúvia é o nome da última carapaça quando o insecto está a emergir para se tornar subimago. Assim, temos o ovo, a larva (relativa à metamorfose completa), a ninfa (metamorfose incompleta), a pupa (sendo, pois, a segunda fase de metamorfose completa), o subimago ou dun (refere-se a alguns insectos que já se libertaram da "enxúvia" mas ainda não são completamente adultos. Exemplo disso são as efémeras quando acabam de sair da água, mas ainda não têm as asas secas e transparentes. Estes subimagos podem voar ou trepar para algum ramo ou pedra para secarem as asas. Imago será a fase em que o insecto já apresenta um par de antenas, três pares de pernas e normalmente dois pares de asas. Chegou à fase de adulto e está pronto para o voo nupcial em que acasala, a fêmea deposita os ovos na água e a seguir morre. Por fim, temos a fase de spent que é o que chamamos ao insecto depois deste morrer e vir rio abaixo com as asas abertas.(1)


De uma forma mais simplificada os ovos passam a larva ou ninfa (dependendo da sua ordem  na classe insecta), passando por um ciclo de amadurecimento e posteriormente é que  concluem a sua metamorfose ganhando asas e partindo para a vida livres até ao momento que, por vezes, aparece uma belíssima truta no ar e lhes ceifa a vida... 
Bom, as fases que nos interessam aqui para esta modalidade de pesca são de facto as larvas, ninfas, pupas, subimagos e imagos. Na fase larval os pequenos insectos encontram-se dentro dos casulos em forma de larva, como se tratam da maior parte dos tricópteros. Na fase de ninfa encontram-se junto às pedras do fundo do rio. Na fase de amadurecimento, isto é, quando já se encontram prontas ou quase prontas para eclodirem, efectuam várias investidas até perfurar a película da água. Como a seguir à agua está o ar faz com que se exerça uma força autêntica nessa película. Ora, um pequeno insecto para a perfurar tem que subir e descer imensas vezes até conseguir o seu intento. Após o sucesso, já fora da película e em contacto com o ar, dá-se a conclusão da sua metamorfose abandonando a sua casa, pelo que após um triplo gole de "Redbull" levantam voo até horas mais tarde concluírem o seu ciclo de vida, ou colocando os ovos na superfície da água e consequentemente morrendo, ou perfurando a película para colocar os ovos no fundo e terminando assim a sua vida. E é assim que estes fantásticos seres cumprem a sua missão de manutenção.  Para registo, já tive a oportunidade de assistir a uma eclosão de uma libelinha que demorou aproximadamente 2 horas!...  

Tudo isto faz com que o conhecimento desta panóplia da fauna aquática seja para mim deveras interessante e conclua que a natureza é de facto fabulosa!

São indescritíveis e desmesuradas as sensações que tenho tido ao longo destes anos com o contacto com o rio: desde ver umas pequenas lontras a brincarem na água; patos bravos a chocarem os seus ovos; pequenos insectos a eclodirem; cachoeiras; e paisagens magníficas fazem com que nos sintamos especiais para podermos partilhar com o mundo estas energias boas que efectivamente não se vêem mas que naturalmente se sentem...



(1) (http://www.gforum.tv/board/855/39785/introducao-entomologia.html) 

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